Elaborar idéias transformadoras no que tange aos
aspectos de aprendizagem escolar sempre é salutar para a melhoria da educação.
Assim, o que podemos corroborar é elencar três idéias que podem refletir
diretamente no aprendizado escolar, visto que presenciamos certa mesmice na
escola e que retrata indiretamente a crise na educação, aonde o aluno vai a
escola todo dia fazer “a mesma coisa”, desta maneira a escola não se atualiza e
a rotina é uma constante. Isso acaba refletindo nas grandes avaliações que o
Governo vem tentando administrar, como mostra os dados do Sistema de Avaliação
da Educação Básica (SAEB), e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(IDEB), com dados sempre aquém das médias satisfatórias.
A primeira idéia talvez não menos importante, é o
poder público se apropriar dignamente das políticas educacionais, onde os
agentes da máquina pública realmente entendam de currículo, de projeto
pedagógico, de gestão escolar e, sobretudo de valorização profissional. E não
apenas estejam no cargo como passaporte para um cargo futuro, e ou benefício
próprio. Essa educação de qualidade
passa invariavelmente por maiores investimentos e maiores repasses de verbas,
que bem utilizadas irão sinalizar uma possível mudança no quadro atual.
Uma segunda idéia seria de partir de dentro da
própria escola, de dentro do próprio corpo docente, passando pela equipe
gestora, parte administrativa, quadro de professores, funcionários da cozinha,
da limpeza e segurança. Todos motivados para proporcionar aos alunos o
aprendizado efetivo, aquilo que dará norte e sentido em sua vida propiciando
uma autonomia construtiva, e não reprodutiva. Para que isso se efetive, a
escola deverá ter o discernimento de que não precisa esperar dos órgãos
competentes alguma mudança, e sim partir de dentro de cada um. Os planejamentos
no inicio do ano e comumente aos meses que se seguem, o aprimoramento e
capacitação profissional, a harmonia do ambiente de trabalho, enfim não estar
passivos no processo.
O terceiro fator que julgamos preponderante é saber
onde a escola está inserida, como é o bairro, como são as condições
sóciopoliticoeconomicas dos pais. As condições de vida da família e suas
relações refletem diretamente na postura do aluno no ambiente escolar.
Entenda-se postura do aluno, desde a questão disciplinar até suas condutas de
perspectivas de mundo. Pois, o que adianta o aluno levar uma pesquisa para
casa, se os pais não acompanham, e em alguns casos aquele aluno é o primeiro a
ser alfabetizado naquela família. O contrário também se dá, onde em casa o
aluno tem o aparato tecnológico e a escola ainda insiste em copiar e
transcrever o que está na página do livro. Tornando o ambiente enfadonho.
O ambiente virtual, as novas tecnologias, as novas
mídias são sem dúvidas o grande desafio da escola, que não poderá competir e
sim juntar-se a ela, para dar sentido e significado ao aluno permanecer na escola.
A escola tem por obrigação, conhecer essas famílias
e levá-las ao espaço escolar, pois esta parceria é crucial para tentar garantir
a aprendizagem do aluno. E como Piaget explana, temos que reconstruir, dar
significado à aprendizagem. Garantir que não haja reprodução, e que a escola e
o professor precisam compreender que não são os únicos a terem conhecimentos em
sala de aula, o aluno trás consigo o currículo oculto, os saberes que ele
adquire e absorve fora dos muros da escola advindos de todos os lugares,
televisão, internet, rádio, relações familiares e na rua.
Essa rede de conexões poderá minimizar o impacto na
assimilação do conhecimento e entender esses pequenos exemplos talvez
melhoremos a qualidade do ensino e da aprendizagem em “escolas cinzas”.
Para concluir cito Pedro Demo, onde relata que “...
Os problemas são grandes demais para pretendermos enfrentá-los com fórmulas
simples ou prontas, sem falar que educação é política social sempre de longo
prazo.”